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Daniel Franco: Defino a inovação como a fusão entre criatividade e empreendedorismo
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10/03/2020
Diretor de Tecnologia da Informação, Inovação e Estratégia da Duratex, Daniel Franco foi um dos palestrantes âncoras da quarta edição da Expomais, realizada em setembro na Associação Empresarial de Criciúma (Acic). Nessa entrevista exclusiva à revista Liderança Empresarial, ele fala sobre a inovação, seus impactos no mercado e aproximação entre as empresas tradicionais e as startups.
Liderança Empresarial: Como você definiria a inovação?
Daniel Franco: Gosto de definir a inovação como a fusão entre criatividade e empreendedorismo. Acho que essas coisas não podem andar separadas. Uma pessoa criativa não necessariamente é inovadora. Sempre digo que inovador é aquele que consegue transformar a criatividade em negócio. Ou seja, através de um produto novo, de um novo modelo de serviço, consegue ter algo rentável e sustentável. Por isso que sempre associo inovação a criatividade e espírito empreendedor.
LE: E qual o seu impacto nas organizações?
DF: Muito relevante, independente do contexto em que a organização vive. Obviamente que existem empresas que estão mais expostas aos ciclos de inovação disruptiva. Outras, como as mais tradicionais, com produtos mais comoditizados, não estão tão expostas, mas mesmo nessas a inovação acaba impactando, ainda que de maneira diferente. Às vezes, não na substituição do produto, mas na disrupção do modelo de negócio, como é comercializado, através de quais canais, enfim. Tenho uma crença: todos os grandes produtores industriais podem estar ameaçados por ciclos de disrupção, que não necessariamente impactarão os produtos, mas como esses produtos vão chegar ao consumidor final.
LE: Qual o papel da indústria digital nesse processo?
DF: De desintermediar a cadeia, de tornar o produto cada vez mais acessível, mais barato, de uma maneira mais sustentável e sem intermediações logísticas complexas que tornam a jornada de compra mais dura e mais complexa. As organizações devem, de fato, se preparar para essa grande jornada transformacional.
LE: Na sua avaliação, a tendência de mercado continuará sendo a busca por inovar pensando apenas em melhorar os processos, a produtividade e a qualidade, ou a inovação prestará também um papel social?
DF: Cada empresa, dentro do seu contexto setorial, tem uma realidade. Dependendo da maturidade do setor em que a empresa se encontra, às vezes a tendência é de estar mais focada na melhoria de um serviço e menos na de um produto ou processo. No caso da construção civil, onde a Duratex atua, é uma indústria que pouco inova. Isso é incrível, porque a quantidade de oportunidades que nós temos para inovar em processos, produtividade, qualidade, seja do produto ou serviço, é enorme, consequentemente melhorando a vida das pessoas.
LE: Quais as oportunidades que podem ser citadas a partir dessa avaliação?
DF: A construção civil é um setor muito deficitário, em relação ao déficit habitacional, do ponto de vista de moradias em condições impróprias, então, a demanda hibernada nesse setor é incrível. Então, abre uma oportunidade enorme para todos os players nesta cadeia produtiva poderem inovar, independentemente do foco. Nós vemos com muito bons olhos o papel da inovação nesse processo.
LE: E dentro desse cenário, qual o papel das startups e das scale-ups?
DF: É fundamental. Elas estão quebrando vários paradigmas, regulatórios, construtivos, de processos, de produtos e, principalmente, em serviços. Através delas, a indústria está aprendendo muito. Do ponto de vista de cultura, esse dinamismo que elas têm na gestão de seus negócios está fazendo com que a indústria repense a maneira como seus negócios estão estruturados.
LE: É possível estabelecer uma relação de cooperação entre startups e scale-ups e as chamadas empresas tradicionais?
DF: A oportunidade de negócios que essa relação fomenta é incrível. Pegando como exemplo a Duratex, uma empresa tradicional, líder em seu segmento de atuação, combinando forma e função em tudo que faz, infelizmente não entrega a solução final ao cliente, pelo fato de não ter uma estrutura de serviços bem feita. Através da relação com as startups, hoje ela consegue entregar ao consumidor final a experiência completa. Esse tipo de relação fomenta novas oportunidades de negócios.
(Revista Liderança Empresarial ACIC)